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Formato: 14 X 21,5 cm
Número de Páginas: 152
Acabamento: Brochura
ISBN: 978-85-8033-052-6

 

 

 

O Sacrifício

René Girard

Neste livro René Girard indaga a reflexão religiosa mais poderosa sobre o sacrifício, a da Índia védica, reunida nos Brâmanas. Entre as concepções dos brâmanes e a teoria girardiana, há inúmeras coincidências surpreendentes, que não podem ser só fruto do acaso. Com as convergências, sem dúvida, há divergências; porém, longe de contradizer a teoria mimética, elas correspondem ao mínimo de ilusão sem o qual o sacrifício se torna impossível. Para que ele seja possível, primeiramente é preciso crer que a vítima original é responsável pela desordem mimética e, em seguida, através da violência unânime, pela volta à ordem. Portanto, há aqui um deus, acredita-se, que, depois de ter conduzido mal a comunidade, ficou com pena dela e ensinou-lhe o sacrifício.

A reflexão antropológica viu durante muito tempo no sacrifício sangrento uma espécie de enigma que ela procurou resolver, sem sucesso. Passou-se a dizer que o sacrifício em geral, o sacrifício em si, talvez não existisse. A hipótese de uma ilusão conceitual é legítima enquanto hipótese, mas, na segunda metade do século XX, ela endureceu e se tornou um dogma ainda mais intolerante, acreditando ser superior à intolerância ocidental, ao imperialismo do conhecimento.

Sob influência desse dogma, a maioria dos pesquisadores rejeitou a teoria mimética que reafirma a natureza enigmática do sacrifício e enraíza sua universalidade na violência mimética de todos os grupos arcaicos, no linchamento unânime de vítimas reais que se produz espontaneamente nas comunidades afetadas em que se estabelece a paz. Essas comunidades reproduzem deliberadamente esses fenômenos em seus ritos sacrificiais, esperando assim se proteger de sua própria violência desviando-a para vítimas sacrificáveis, criaturas humanas ou animais, cuja morte não fará ressurgir a violência, pois ninguém terá a preocupação de vingá-la. Para ilustrar a teoria mimética, René Girard indaga a reflexão religiosa mais poderosa sobre o sacrifício, a da Índia védica, reunida nos Brâmanas. Entre as concepções dos brâmanes e a teoria girardiana, há inúmeras coincidências surpreendentes, que não podem ser só fruto do acaso. Com as convergências, sem dúvida, há divergências; porém, longe de contradizer a teoria mimética, elas correspondem ao mínimo de ilusão sem o qual o sacrifício se torna impossível. Para que ele seja possível, primeiramente é preciso crer que a vítima original é responsável pela desordem mimética e, em seguida, através da violência unânime, pela volta à ordem. Portanto, há aqui um deus, acredita-se, que, depois de ter conduzido mal a comunidade, ficou com pena dela e ensinou-lhe o sacrifício.

Há em todas as partes da Bíblia violências coletivas semelhantes àquelas que provocam os sacrifícios; porém, em vez de serem atribuídas às vítimas que são somente aparentemente reconciliadoras, por causa das transferências exercidas contra elas, em detrimento da verdade, a Bíblia e os Evangelhos atribuem a responsabilidade dessas violências a seus verdadeiros autores, os perseguidores da vítima única. Em vez de elaborar mitos, portanto, a Bíblia e os Evangelhos dizem a verdade.

Uma vez exposto, como é o caso na Bíblia e nos Evangelhos, o processo vitimário não pode mais servir de modelo para os eventuais sacrificadores. Se o termo sacrifício é utilizado para a morte de Jesus, é num sentido absolutamente contrário ao arcaico. Jesus aceita morrer para revelar a mentira dos sacrifícios sangrentos e torná-los daquele momento em diante impossíveis. É a partir dessa mudança que é preciso interpretar a noção cristã de redenção.

Temos, portanto, na Bíblia e nos Evangelhos, a explicação do processo sacrificial. Reconhecendo que a tradição védica pode também levar a uma revelação que desautoriza os sacrifícios, a teoria mimética identifica no próprio sacrifício um poder paradoxal de reflexão tranquila que leva a longo prazo à superação dessa instituição violenta e, no entanto, fundamental para o desenvolvimento da humanidade. Longe de privilegiar indevidamente a tradição ocidental e de lhe conferir um monopólio sobre a inteligência e o repúdio dos sacrifícios sangrentos, a análise mimética reconhece traços comparáveis, porém jamais verdadeiramente idênticos, na tradição indiana. Mesmo sendo incapazes de esclarecer de fato a relação que une e separa essas duas tradições, apreciamos um pouco melhor a sua riqueza e complexidade.

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