Home
 

apresentação sobre
René Girard
livros seminário
internacional
editora É imitatio miméticos
blog
fórum
Home > Seminário Internacional > Resumos das apresentações

 


Jean-Pierre Dupuy

 

 

Diante da Catástrofe

       Jean-Pierre Dupuy

Para Dupuy, a principal ameaça que pesa hoje no futuro da humanidade é a tentação do orgulho. De forma geral, sabemos como serão as catástrofes futuras. O aquecimento global, a destruição do meio ambiente, tecnologias que escapam do controle daqueles que a concebem, a utilização terrorista ou do estado de armas de destruição maciça, conflitos mundiais provocados pelo pânico que tomará conta dos povos da Terra quando finalmente terão consciência que ela não pode ser explorada impunemente por muito tempo: pouco importa para o filósofo a forma específica que essas catástrofes assumirão, visto que procedem de uma mesma fonte. Os homens sempre tiveram que aprender a viver com os resultados inesperados de suas ações, voltando-se contra eles como se fossem forças estranhas. Dessa experiência primordial da autonomização da ação relativa às intenções dos atores provavelmente nasceram o sagrado, a tragédia, a religião e a política – tantos dispositivos simbólicos e reais passíveis de manter dentro de limites essa capacidade altamente temerosa dos homens de desencadear na rede das relações humanas processos irreversíveis e que não têm fim.  O fato totalmente inédito que caracteriza as nossas sociedades fundadas na ciência e a técnica é que agora somos capazes de desencadear esses processos na própria natureza. As secas, os ciclones e os tsunamis de amanhã, ou simplesmente o tempo que fará, esse tempo que desde sempre serve de metonímia para a natureza, serão os produtos da nossa ação. Nós não os faremos, no sentido de fabricar, pois a atividade da fabricação (poiesis para os gregos), ao contrário da ação (práxis), tem não só um começo como também um fim, nos dois sentidos do termo: objetivo e término. Serão os produtos inesperados dos processos irreversíveis que teremos desencadeado, em geral sem querer ou saber.

A presunção fatal é crer que a técnica, que corroeu o sagrado, o teatro e a democracia, poderá desempenhar o papel que estes tinham quando a capacidade de agir só se referia às relações humanas. Acreditar nisso significa ser prisioneiro de uma concepção da técnica que vê nela uma atividade racional, submetida à lógica instrumental, ao cálculo dos meios e dos fins. Mas a técnica hoje é justamente essa capacidade de desencadear processos sem retorno. Ela é muito mais da ordem da ação do que da fabricação. Abandonar-se ao otimismo cientista que confia exclusivamente na técnica para nos tirar dos impasses nos quais a técnica nos colocou significa correr o risco de criar monstros que nos devorarão.

Essa tese será desenvolvida com a ilustração de três exemplos: o aquecimento global, as catástrofes de Tchernobyl e de Fukushima e o futuro da energia nuclear civil, e o desenvolvimento do programa nanotecnológico.
sugestões e informações É Realizações  |  editora - espaço cultural - livraria
Rua França Pinto, 498 - Vila Mariana - São Paulo/SP - CEP 04016-002 | (11) 5572-5363