A Teoria Quântica e o Observador Mimético

      Pablo Bandera

O termo “física moderna” se refere em geral a uma descrição do universo físico que tem a sua origem no início do século XX com a teoria da relatividade e a teoria quântica. À medida que a comunidade científica continua a lutar para entender esse estranho novo mundo, a situação se torna mais misteriosa e mais metafisicamente inquietante. Todavia, a nova física mantém duas características cruciais da física clássica: um desejo quase obsessivo de ignorar a pessoa subjetiva, e um modelo de medida ou observação com uma conexão linear direta entre o observador e o observado. O primeiro parece ser contestado pela própria física moderna, e os físicos ainda estão discutindo sobre o papel da “consciência” na teoria quântica. O último não está sendo discutido de forma alguma, de tão arraigado que está na mente científica como hipótese fundamental. Entretanto, ambos são verdadeiros obstáculos para desvendar os mistérios da teoria quântica, e a chave para demonstrar isso nos é oferecida pela teoria mimética. Redefinindo o conceito de observação como uma relação triangular entre objeto, observador e modelo, justamente da mesma forma como Girard fez com o conceito de desejo, verificamos que as implicações estranhas da teoria quântica não são tão estranhas. A “incerteza” descoberta no âmago da natureza se revela como o reflexo da confusão mimética entre os observadores humanos. Isso significa que a relação entre o sistema físico e o observador, descrita pela mecânica quântica, é de fato uma relação entre o mundo físico e a pessoa humana. É a qualidade exclusivamente “interdividual” do observador humano que em primeiro lugar permite o comportamento quântico, de tal forma que, no fim, não existe mecânica quântica sem humanidade.